Nosso cérebro está produzindo histórias o tempo todo. Basta sentar em um ônibus para perceber como a mente corre solta fabricando filmes imaginários ou recontando uma situação real que te afetou de alguma forma, como um comentário maldoso de um colega de trabalho ou aquela perseguição policial que você viu no noticiário mais cedo.
Que histórias a sua mente costuma criar?
Respeitando a estrutura narrativa de qualquer história, existem os personagens. As pessoas da nossa vida encarnam vítimas, heróis e heroínas, figuras enigmáticas e cativantes, anjos da guarda nutridores e protetores e também existem vilões. Somos nós que distribuímos os papéis e nada disso é neutro.
Por que aquela pessoa X é narrada por você como uma heroína? Isso revela o que você valoriza (ou aprendeu a valorizar) como comportamentos gloriosos e louváveis.
E para você? Que papel lhe cabe?
É comum que as histórias que contamos sobre nós sejam repetições da maneira como organizamos as informações do que vivemos na infância. Percepções e feedbacks de pais e professores, figuras de grande peso no nosso desenvolvimento, costumam ser peças importantes do mosaico que juntamos para responder à pergunta “Quem sou eu?”.
Pense nesse exemplo da psicóloga B. Grace Bullock, relatado em artigo no site mindful.org (leia o artigo em inglês aqui). Em sua casa aconteceu assim:
Seu irmão foi classificado pelos pais logo cedo como o gênio matemático da família. Ela interpretou esses eventos da seguinte maneira: “Bem, não recebi nenhum reconhecimento desse tipo, devo ser a não-gênio, a pessoa menos brilhante, de quem não se deve esperar nada de muito relevante no que diz respeito ao universo da matemática”.
“Sou ruim em matemática” foi a crença que ela integrou à sua biografia. E o mais engraçado é que, na maioria das vezes, essa narrativa pessoal era reforçada com notas ruins e incapacidade de fazer cálculos simples quando questionada por alguém.
Esse fenômeno é conhecido como viés de confirmação.
Hora da revisão
Ela conta que isso não só moldou seu comportamento escolar, como também influenciou suas escolhas de carreira e interesses pessoais até que ela resolveu se dar a oportunidade de reescrever sua história, quebrar o mito e ir atrás perseverar com a matemática.
Escreva respostas para refletir a partir dessas questões:
-Qual história sobre si você reproduz sem refletir se ela continua sendo verdadeira?
- De onde essas histórias surgiram?
- Tem certeza que o autor foi você?
Sabe essas histórias que você repete muito sobre si mesmo? Pare de repetir e comece a prestar atenção e elaborar o que elas têm de realmente verdadeiro. Retome a narrativa da sua vida. O autor é você!
Como escreveu Guimarães Rosa: "Narrar é resistir".
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Foto: Ian Dooley/ Unsplash.
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