Você já tentou se encaixar em alguma expectativa ou situação?
É claro que temos de saber manejar os nossos interesses para termos relações saudáveis. Afinal, ceder faz parte. Mas quando a tônica é pautada pelo “sempre ceder”, pode ser que estejamos nos mutilando para encaixar num ideal (de nós mesmos ou do outro).
Isso nos faz lembrar o Leito de Procusto.
A mitologia grega conta que Procusto vivia na serra de Elêusis, na Grécia. Os viajantes que por ali passavam, eram convidados a se hospedar em sua casa. À noite, deitados numa cama de ferro, que tinha o tamanho exato de Procusto, o anfitrião agia: se os hóspedes fossem mais altos, cortava suas pernas; e se fossem mais baixos, eram esticados até ficar do tamanho do leito. Nenhum viajante se adaptava à cama, pois havia duas camas com tamanhos diferentes.
Às vezes, temos um Procusto em nós, que tiraniza ao determinar: “você deve ser assim, e nada menos que isso”, “se eu for desse jeito, talvez gostem mais de mim”, “é só mais uma vez, a pessoa não vai fazer de novo”.
Numa outra polaridade, quando a tirania é voltada ao outro, Procusto se torna um perseguidor. Alguns denominam o comportamento como Síndrome de Procusto, visto naquelas pessoas que, frente à própria frustração, sempre perseguem ou debocham de alguém que se destaca por alguma habilidade. “Se eu não consigo crescer, você também não vai!”, denuncia a forma de suas ações.
“Somos colocados nesse leito de Procusto repetidas vezes; é o que molda o que os outros veem sobre nós e determina como eles nos julgam. Para ser aceito, suprimimos qualidades que a família, religião, sociedade, colegas ou cônjuges desaprovam para atender às suas expectativas”, comenta a analista Jean Shinoda Bolen.
Mas todas as partes amputadas que perdemos para nos encaixar à uma expectativa, permanecem vivas e germinam ao longo do tempo.
“Aquilo que é cortado muitas vezes permanece vivo no inconsciente, para ser projetado nos outros, que então nos atraem ou repelem. Às vezes, recorremos aos vícios para entorpecer esses sentimentos, mas isso pode apenas afrouxar nosso controle sobre eles. É apenas na segunda metade, ou mesmo no último terço, da vida que nossa individualidade e criatividade podem emergir - às vezes das cinzas de nossa vida anterior”, explica Bolen.
Você já encontrou Procusto alguma vez?
O que você faria para evitar as amputações feitas por Procusto?
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