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O mito de Pandora e a desesperança em tempos difíceis



Criada pelos deuses do Olimpo que lhe emprestaram seus dons divinos, Pandora significa “aquela que possui todos os dons”.

O objetivo dessa criação coletiva era se vingar dos homens, que teriam recebido o fogo sagrado dos deuses roubado pelo titã Prometeu e, por isso, se achado superiores aos próprios deuses.

Por esse motivo, Pandora foi entregue ao irmão de Prometeu como vingança, junto a uma caixa que continha todos os males do mundo: a doença, a violência, a mentira, a fome, a miséria, o ódio etc.

Epimeteu, “aquele que só pensa depois”, movido por curiosidade, pediu que Pandora abrisse a caixa e, assim, ela liberou todos esses males, restando apenas uma pequena, mas brilhante luz: a esperança.

Em uma linguagem simbólica, o fogo divino que Prometeu trouxe para os humanos é a própria consciência: trazer luz ao conteúdo interno, viver além da sobrevivência, pensar no que se está fazendo e, inclusive, sentir o prazer de existir.

Os males da caixa são o balanço dos deuses por termos conseguido esse conhecimento. São o preço a pagar por termos prazer em viver e, em tempos difíceis, quando os males estão ainda mais intensos, eles nos lembram da importância de se estar presente, conscientes e viver de verdade, não apenas existir.

No fim da história, Pandora se torna deusa, a Deusa da Ressurreição. Esse título fala não de sucumbir ao caos, nem de se resignar a ele, nem de ser tomado pela culpa, mas nos ensina a fluir junto em um ciclo de vida-morte-vida (de novo).

A esperança que Pandora guardou consigo é a força que precisamos para nos trazermos de volta à vida e reconstruirmos o mundo com o que temos.


Como no mito, a esperança ainda está guardada em algum lugar do nosso inconsciente. Resgatá-la é uma escolha e um exercício. Ela fornece o equilíbrio que a humanidade precisa para encarar todos os males.

Como encontrar a esperança?

Vamos de escrita terapêutica.

Sozinho(a) ou em família pense e escreva uma lista de algo de bom que aconteceu durante esse tempo difícil, por mais bobo ou fútil que isso possa parecer diante do quadro geral.


Faça isso de tempos em tempos e verá que apesar das trevas, ainda há um pontinho de luz capaz de iluminar muito.


Arte: "Pandora", por John William Waterhouse

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