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A utilidade do inĂștil

  • Foto do escritor: Redação Inspira
    Redação Inspira
  • 18 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de ago. de 2021


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SerĂĄ que tudo tem que ter uma utilidade prĂĄtica?


O poeta francĂȘs ThĂ©ophile Gautier, por exemplo, achava que a beleza se encontra nas coisas inĂșteis, pois a utilidade feita para as necessidades humanas Ă© ignĂłbil.

"O lugar mais Ăștil de uma casa Ă© a latrina", afirmou.


“Tudo tem que ter uma boa finalidade [se possível, lucrativa]”, decreta a lei do utilitarismo, sob a qual vivemos hoje.


Nem os hobbies escapam dessa lĂłgica: “eles devem ser tambĂ©m uma fonte de renda”, ordena a mesma voz anterior.



Quanto mais espaço ocupam pensamentos como “o bom Ă© o que Ă© Ăștil, o que Ă© prĂĄtico”, mais sufocadas ficam as coisas que embelezam e dĂŁo significado ao mundo. Junto, se enclausuram as ideias, os sonhos e a criatividade.


E aĂ­, o que sobra? Onde estĂĄ o prazer?


É mais fácil remendar qualquer falta com desejos de consumo. “Sou aquilo que tenho” – o ser se desintegra no mesmo passo que o material do objeto conquistado. Mas em 12x sem juros pode-se adquirir um novo eu. Mais uma metonímia existencial.


“No universo do utilitarismo, um martelo vale mais que uma sinfonia, uma faca mais que um poema, uma chave de fenda mais que um quadro: porque Ă© fĂĄcil compreender a eficĂĄcia de um utensĂ­lio, enquanto Ă© sempre mais difĂ­cil compreender para que podem servir a mĂșsica, a literatura ou a arte”, escreve o filĂłsofo italiano Nuccio Ordine, em seu livro "A utilidade do inĂștil: um manifesto".


Sobre a arte das palavras, por exemplo, Mario Vargas Llosa, ao receber o prĂȘmio Nobel em 2010, afirmou que: “um mundo sem literatura se transformaria num mundo sem desejos, sem ideais, sem desobediĂȘncia, um mundo de autĂŽmatos privados daquilo que torna humano um ser humano: a capacidade de sair de si mesmo e de se transformar em outro, em outros, modelados pela argila dos nossos sonhos”.


Curiosamente, quem då mais atenção às inutilidades (como as artísticas) tem mais criatividade, e assim acaba tendo um crescimento maior nas carreiras.


E por falar nisso, as profissÔes criativas serão as menos afetadas pelas profundas transformaçÔes no mercado de trabalho, como afirma o historiador Yuval Noah Harari.


“Há quem passe por um bosque e só veja lenha para a fogueira”, já denunciava o escritor russo Liev Tolstói.


Ficam as perguntas:


O que Ă© inĂștil para vocĂȘ?


Quanto tempo as inutilidades fundamentais da vida ocupam espaço na sua agenda?


E quantas utilidades inĂșteis preenchem o seu dia?


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Foto: Simone Viani


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