O jejum intermitente tem sido o queridinho das pessoas alinhadas ao estilo de vida fitness. Pode não ser o seu caso, mas essa prática ainda pode ser sobre você. Entrevistamos o Dr. Wesley Schunk, médico nefrologista entusiasta da Medicina Integrativa e propagador do jejum intermitente.
Você consegue controlar o que sai da sua boca? E o que entra?
Autocontrole é um dos principais componentes da inteligência emocional. É a capacidade de manter uma conversa interior constante que repele as respostas reativas e irrefletidas. Já parou para pensar o quanto podemos reagir impulsivamente quando o assunto é comida?
O jejum é uma prática milenar que tem voltado ao centro das discussões sobre saúde. Em 2016, o biólogo japonês Yoshinori Ohsumi ganhou o prêmio Nobel de Medicina justamente por associar em seu estudo a adaptação à fome à consequente renovação celular e limpeza do organismo. Tudo leva a crer que quem jejua vive mais.
Consenso entre Cristo, Maomé, Moisés e Platão, o jejum é tido como fonte de inúmeros benefícios: físicos, mentais e emocionais. Para o escritor americano Mark Twain: “Um pouco de fome pode realmente fazer mais pelo doente médio do que os melhores remédios e os melhores médicos”.
Mas ficar sem comer realmente faz bem para a saúde? E, se sim, como isso é possível? Sempre que ficamos doentes ouvimos que é preciso que nos alimentemos direito. Quem não lembra da tradicional receita da canja de galinha cura-tudo da vovó? Mas isso é outra questão que os estudiosos do jejum derrubaram. Ficar sem comer lhes parece mais eficaz diante de enfermidades.
Durante o período paleolítico, abster-se de comida por longos períodos era a rotina de nossos ancestrais. Sem comida estocada em supermercados, eles precisavam passar dias caçando o que comer. Dessa forma, podemos dizer que o DNA humano está preparado para aguentar algo de jejum.
Acontece que você não precisa passar dias sem comer (e nem é recomendado que faça isso sem acompanhamento médico), bastam algumas horas para ver verdadeiros progressos. Os médicos Wesley Schunk e Carla Muriel são especialistas no Jejum Intermitente, método que intercala períodos de jejum (de 12 a 18 horas diariamente) com uma janela de tempo para alimentação.
Em seu curso on-line, Milagre do Jejum, e nas redes sociais eles produzem muito conteúdo informativos sobre a prática. Nas páginas seguintes, o Dr. Wesley Schunk concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Inspira esclarecendo algumas das principais dúvidas e modos de fazer acerca do jejum intermitente, além de compartilhar um pouco do que observa de sua perspectiva de profissional e estudioso do assunto.
Muito além do objetivo do emagrecimento, esse método é sinônimo de autocura e autodescoberta em muitos níveis.
Poderia se apresentar para os nossos leitores?
Dr. Wesley Schunk: Me chamo Wesley Schunk, sou médico nefrologista, pós-graduado em Nutrologia, Prevenção e Tratamento de Doenças Relacionadas à Idade, além de ser entusiasta da Medicina Integrativa. Possuo diversos cursos de nutrição esportiva e qualidade de vida, e utilizo meus conhecimentos técnicos e paixão pelo bem-estar para ajudar meus pacientes a conhecerem melhor seu corpo físico e o emocional, seus limites e necessidades, oferecendo as melhores armas contra estresse, depressão, ansiedade e doenças em geral. Tenho uma clínica em Vila Velha, no Espirito Santo, e também atendo em São Paulo. Dedico meu tempo em disseminar conhecimentos sobre saúde e estilo de vida através da Internet, nas minhas redes sociais e na tentativa de alcançar e impactar o máximo de pessoas também criei um curso on-line chamado Milagre do Jejum. E, no primeiro semestre de 2020, estarei lançando meu primeiro livro sobre Jejum Intermitente.
Por que você acredita que jejuar faz tão bem para a saúde, a ponto de ter lançado um curso sobre o assunto - o Milagre do Jejum?
Dr. Wesley Schunk: Acredito no poder do Jejum por ser algo natural para o nosso corpo, está no nosso DNA, afinal só evoluímos e sobrevivemos por essa nossa capacidade nata de passar longos períodos sem se alimentar. O Jejum Intermitente trata-se de uma prática milenar realizada ao longo de toda a evolução da espécie humana.
Alvo de diversos estudos sérios e conceituados, hoje já podemos afirmar seus enormes benefícios à saúde. Em 2016, Yoshinori Ohsumi ganhou o prêmio Nobel de Medicina, seu estudo comprovou que a restrição alimentar auxilia na renovação celular, ou seja, ajuda na limpeza interna do organismo.
E minha prática clínica me confirma, pois, além de ser muito bem aceito pelos meus pacientes, eu obtenho resultados maravilhosos.
O ser humano foi programado para o jejum? Isto é, durante alguns dias sem comida, não é possível que percamos nossa disposição, humor e até comecemos a sentir dores de cabeça?
Dr. Wesley Schunk: Sim, o ser humano está geneticamente capacitado e adaptado ao jejum, o que ocorre é que essa enorme influência da Indústria Alimentícia e a praticidade que mundo moderno exige, mudaram o rumo dessa história. Um exemplo comum é que a grande maioria das pessoas naturalmente acorda sem fome, mas se força a comer por ter a crença de que o café da manhã é a principal refeição.
Ao contrário do que se imagina, o jejum é um período programado de descanso, dando a chance para que o corpo consiga fazer suas reparações internas necessárias, ou seja, o jejum aumenta significativamente a sua energia e disposição, pois o corpo não precisa focar e despender suas energias em fazer a digestão como quando nos alimentamos de 3 em 3 horas.
A dor de cabeça ou até alteração de humor são sintomas clássicos de abstinência do açúcar e podem ocorrer no início do jejum, por isso, antes de iniciar essa prática, é fundamental mudar o estilo da alimentação, reduzir carboidratos refinados, açúcar e produtos alimentícios, ou seja, comer comida de verdade igual aos nossos avós.
"Acredito no poder do Jejum por ser algo natural para o nosso corpo, está no nosso DNA, afinal só evoluímos e sobrevivemos por essa nossa capacidade nata de passar longos períodos sem se alimentar" - Wesley Schunk.
Qual é a sua opinião médica sobre jejuns mais longos, de 3 ou mais dias?
Dr. Wesley Schunk: Jejuns mais longos são mais benéficos para a saúde, mas esses somente podem ser feitos com acompanhamento e seguindo algumas orientações. Frequentemente tenho pacientes que fazem jejuns longos por até 40 ou 60 horas e quando terminam se sentem muito mais fortes, determinados e felizes. No Brasil, essa prática ainda está sendo difundida, mas em países como a Alemanha já existem clínicas que internam pacientes com diversas doenças e que passam 14 dias em jejum recebendo apenas água, e os resultados são impressionantes. Doenças como Diabetes tipo 2, Obesidade e hipertensão arterial são praticamente curadas.
Quantas horas de jejum você considera que seja o saudável? E quantas vezes por semana podemos praticá-lo sem danos à saúde?
Dr. Wesley Schunk: Não existe um tipo melhor ou mais saudável, e sim o protocolo mais adequado para seus objetivos e necessidades, podendo ser jejuns curtos – de 16 ou 18 horas diariamente ou de 24 horas uma a duas vezes por semana – e ainda os mais longos, quando tem indicação.
A partir de quanto tempo praticando esse jejum intermitente é possível observar o emagrecimento? E esse emagrecimento advém somente da prática do jejum ou é preciso combiná-la com atividades físicas para obter resultados?
Dr. Wesley Schunk: Para o emagrecimento, a partir da primeira semana é possível notar uma melhora bem significativa fazendo jejuns de 16 horas. Para otimizar os resultados necessariamente precisa mudar a alimentação e associar a uma prática de atividade física para potencializar ainda mais a perda de peso com qualidade.
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